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sociedade
Estudos feministas: Colóquio em Coimbra debate obstáculos levantados à cidadania
plena das mulheres
Coimbra, 31 Jan (Lusa) - As temáticas das migrações, da violência e
do corpo, em que "a cidadania plena das mulheres tem sido muitas vezes questionada",
vão ser debatidas num colóquio de estudos feministas, que decorre na próxima
semana, em Coimbra.
Intitulado "Estudos Feministas e Cidadania Plena", o colóquio, marcado
para 08 e 09 de Fevereiro no auditório da Reitoria da Universidade de Coimbra
(UC), inclui três mesas-redondas sobre estes temas, além de três conferências
plenárias sobre Ciência Política, Filosofia e Arte, segundo a presidente
da comissão organizadora, Maria Irene Ramalho.
"Escolhemos três temas que nos pareceram bastante pertinentes e actuais
na situação das mulheres presentemente", disse hoje à agência Lusa a docente
da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC) Adriana Bebiano.
Numa nota sobre o evento, Maria Irene Ramalho, catedrática da FLUC,
refere que as mesas-redondas abordam temas em que "a cidadania plena das
mulheres tem muitas vezes sido particularmente questionada".
"A maior vulnerabilidade das mulheres nos movimentos migratórios do
nosso tempo, a violência a que as mulheres estão sujeitas pela fragilização
sexual que lhes imputa a sociedade, o corpo, a sexualidade e os direitos
reprodutivos, três valores que sistematicamente têm sido negados às mulheres",
explica.
O colóquio, que se destina a sublinhar a criação da área de Estudos
Feministas na FLUC, onde funciona um programa de mestrado neste domínio,
conta com conferências de "académicas de reputação internacional", como
Carole Pateman (UCLA/Universidade de Cardiff), Fernanda Henriques (Universidade
de Évora) e Rosemarie Buikema (Universidade de Utreque), adiantou Adriana
Bebiano, da organização do evento.
"Tivemos também a preocupação de convidar pessoas que tenham trabalho
no terreno", disse ainda à Lusa a professora do Grupo de Estudos Anglo-Americanos
da Faculdade de Letras.
Alcestina Tolentino, presidente da Associação Caboverdeana, Maria do
Céu Cunha Rêgo (jurista), Lígia Évora Ferreira (Universidade Aberta) e Teresa
Cunha (Escola Superior de Educação de Coimbra) são as oradoras na mesa-redonda
sobre "Mulheres e Migrações", que decorre dia 08 de manhã, moderada por
Graça Capinha (Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra - CES/UC).
Na mesa-redonda sobre "Mulheres e Corpo", marcada para a tarde de 08
de Fevereiro e com moderação e comentário de Teresa Joaquim (Universidade
Aberta), o programa anuncia a participação de Carlos André (FLUC), Isabel
Allegro de Magalhães (Universidade Nova de Lisboa), Mónica Varese Andrade
(docente universitária aposentada) e Virgínia Ferreira (CES/UC).
A presidente da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género, Elza
Pais, modera a mesa-redonda sobre "Mulheres e Violência", na manhã do dia
09, que conta com a participação de Angelica Lima Cruz (Universidade do
Minho), Cecília MacDowell Santos (CES/Universidade de San Francisco), Maria
José Magalhães (Universidade do Porto) e Teresa Toldy (Universidade Fernando
Pessoa).
"Convidámos pessoas de todas as universidades do país envolvidas nesta
área para estabelecer 'networks' e sinergias", adiantou Adriana Bebiano.
Está também prevista uma sessão de leitura de poemas por Ana Luísa Amaral.
O colóquio (com página na Internet em http://www1.ci.uc.pt/geaa/) é
organizado pela FLUC/Programa em Estudos Feministas, Secretaria de Estado
da Presidência do Conselho de Ministros e Comissão para a Cidadania e Igualdade
de Género.
Depois da criação do programa de mestrado, a FLUC aguarda a aprovação
do doutoramento em Estudos Feministas, referiu Adriana Bebiano.
Segundo Maria Irene Ramalho, a área de Estudos Feministas "propõe-se
estudar criticamente a situação das mulheres na sociedade e as suas representações
na cultura dominante, com vista à desmistificação das concepções e estereótipos
sexistas que perduram até hoje nos modos privados e políticos de falar e
agir".
"Muita coisa tem vindo a mudar como resultado das teorias e práticas
feministas projectadas na escola e na sociedade em geral por um punhado
de estudiosas e activistas empenhadas e corajosas. A verdade, porém, é que
um olhar mesmo perfunctório pelas páginas dos jornais de grande circulação
em qualquer parte do mundo denuncia facilmente a subalternização, flagrante
ou subtil, das mulheres na sociedade", sublinha.
MCS.
Lusa/Fim
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